Aumento da Selic reflete no mercado imobiliário

O aumento da taxa básica de juros para 3,5% ao ano, anunciado na quarta-feira (5), não deve impactar imediatamente nos custos do financiamento imobiliário, mas o ritmo de crescimento previsto para o decorrer do ano pode encarecer os custos para quem pretende comprar um imóvel financiado ainda em 2021. Após passar cinco meses fixada no menor patamar histórico (2%), entre agosto de 2020 e janeiro deste ano, a taxa do Selic já sofreu dois aumentos em 2021. O último foi de 0,75 pontos percentuais. 

Apesar das tendências de aumento da taxa que serve de referência para operações de crédito e investimentos, o economista Alberto Ajzental, coordenador do curso de Mercado Imobiliário da Fundação Getúlio Vargas (FGV), diz que o momento ainda é bom para quem quer optar pelo financiamento imobiliário para comprar a casa própria. “Neste momento, comprar ainda está sendo um bom negócio porque o custo do serviço do financiamento continua abaixo do que era em outros anos”.

Ajzental usa como base de comparação o intervalo entre agora de 2015 e setembro de 2016, quando a taxa básica de juros era de 14,25% ao ano. “Ainda não podemos considerar como algo grave a taxa ter subido para 3,5% ao ano. Se comparado com os outros anos, o barateamento da compra ainda é muito grande”.

Apesar de não ter um impacto significativo neste momento, a tendência é de que esse ritmo de aumento continue até o fim de 2021. “De acordo com o último Boletim Focus, do Banco Central, a estimativa é de que a Selic suba mais dois pontos até o fim do ano e chegue ao patamar de 5,5%”, diz.

Segundo Thiago Ribeiro, diretor do Secovi em Rio Preto, as recentes altas da Selic ainda não refletiram nos juros de financiamento habitacional. Por isso, ele acredita que o momento atual continue propício para a aquisição de imóveis. “Pode ser que [o aumento] surta um efeito com o tempo, principalmente impactando o preço dos insumos”, afirma. 

Como o aumento na taxa de juros encarece o custo de captação para os bancos, uma alta considerável no futuro pode afetar os contratos com bancos privados, afirma o economista José Mauro da Silva. Mas ele acredita que isso não deve refletir nos juros praticados pela Caixa Econômica – que domina o mercado. “A Caixa tem tido uma relação de praticar juros mais baixos”, disse.

Aquecimento

No primeiro trimestre de 2021, o montante de financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) em todo o país somou R$ 43,09 bilhões, alta de 112,8% em relação a igual período do ano passado. Foram financiados 187,6 mil móveis, resultado 137,3% superior ao do primeiro trimestre do ano passado.

No acumulado de 12 meses, entre abril de 2020 e março de 2021, o montante financiado somou R$ 146,81 bilhões, alta de 76,1% em relação ao período anterior. Nesse intervalo, foram financiados 535,3 mil imóveis, resultado 70,8% superior ao intervalo precedente (313,4 mil unidades).

Segundo Ribeiro, a expectativa é de que o setor da construção civil continue aquecido mesmo com o aumento nos juros. A estimativa é de 5% a 10%, em comparação com o ano anterior. “Mesmo que até o fim do ano a taxa tenha um aumento considerável, ainda vai estar mais barato financiar do que estava há dois anos”.

Evolução da Selic de 2020 a 2021

  • Fevereiro 4,25%
  • Março 3,75%
  • Maio 3%
  • Junho 2,25%
  • Agosto à fevereiro 2%
  • Março 2,75%
  • Maio 3,5%

Fonte: Banco Central do Brasil e Diário da Região.

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