Devoluções de escritórios superam novas locações em 2020

O mercado paulistano de aluguel de prédios empresariais terminou 2020 com aumento dos espaços vagos, resultado de muitas áreas devolvidas pelos inquilinos e novas locações adiadas em meio à pandemia. A desocupação subiu de 14,6% em 2019 para 18,2% em 2020, considerando a área disponível para locação nos prédios de classes A e B de São Paulo, de acordo com a consultoria Siila. No último ano, as devoluções superaram as novas locações em 119 mil metros quadrados, levando ao aumento na vacância.

No começo da quarentena, muitos proprietários concederam descontos nos aluguéis por 90 dias, o que fez os inquilinos adiarem para o segundo semestre as decisões de manter a sede ou fazer mudanças. Mas a crise se prolongou, e muitas empresas acabaram fechando ou estendendo o home office, o que motivou as devoluções de áreas, relata presidente da consultoria da Siila, Giancarlo Nicastro.

Do total de entregas de chaves, cerca de 90% foram feitas pelas empresas de pequeno e médio porte, que alugavam até 1 mil metros quadrados. Elas têm menos fôlego financeiro e sentem mais o efeito da crise, analisa o diretor de locação da CBRE, Felipe Robert Giuliano.

Mas nem tudo está relacionado à crise. Muitas companhias já vinham buscando otimizar seus escritórios, cortar custos relacionados a áreas ociosas e até mesmo implantar voluntariamente estações de trabalho rotativas e home office, pondera a presidente da Newmark, Marina Cury. Levantamento da consultoria feito exclusivamente com prédios de classe A captou alta na vacância de 16,1% em 2019 para 20,8% em 2020. Nesse mercado, as devoluções superaram as locações em 46 mil metros quadrados.

A boa notícia, segundo a presidente da Newmark, é que o último trimestre de 2020 mostrou, praticamente, um reequilíbrio entre áreas devolvidas e novos aluguéis. Antes, no segundo e no terceiro trimestres, havia muito mais saídas do que entradas. Mas como o mercado ainda está pressionado, os preços dos aluguéis devem permanecer estagnados. Além disso, também voltou a prática de admitir carência de três a seis meses para o pagamento do primeiro aluguel.

Autor: Eduardo G. Quiza

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